
Conglomerado de Buffett se destaca como porto seguro em meio à volatilidade, enquanto investidores especulam possível onda de compras.
As ações da Berkshire Hathaway, conglomerado liderado por Warren Buffett, mostraram resiliência diante da forte queda dos mercados globais nesta quinta-feira (3), quando o anúncio de tarifas mais amplas por parte do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, abalou os investidores.
Enquanto o índice S&P 500 despencava 5%, eliminando aproximadamente US$ 2 trilhões em valor de mercado, as ações Classe B da Berkshire caíram apenas 1,4%, demonstrando mais uma vez o caráter defensivo da empresa de Buffett.
A reação diferenciada da Berkshire chamou a atenção de analistas e investidores institucionais, que enxergam na companhia um porto seguro em tempos de crise.
Christopher Davis, da Hudson Value Partners, destacou que “o desempenho da Berkshire tem sido uma rocha na tempestade tarifária”. Segundo ele, a alocação significativa da empresa em T-Bills (títulos do Tesouro americano) ajuda a proteger o capital durante períodos turbulentos.
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A notícia das tarifas comerciais adicionais anunciadas por Trump abalou diversos setores, desde tecnologia até manufatura, alimentando temores de uma guerra comercial prolongada entre os Estados Unidos e seus principais parceiros econômicos.
Com o mercado em queda livre, investidores correram para ativos considerados mais seguros — e a Berkshire Hathaway parece ter se beneficiado dessa migração.
Com um terço de sua capitalização de mercado alocada em ativos líquidos, como títulos do Tesouro e caixa, a Berkshire possui uma das posições de liquidez mais robustas entre as grandes empresas americanas.
Essa reserva de caixa, estimada em mais de US$ 130 bilhões, alimentou especulações de que Buffett poderia usar a situação atual para fazer aquisições estratégicas ou reforçar sua participação em empresas que ele já admira.
Historicamente, Warren Buffett tem aproveitado períodos de queda generalizada no mercado para comprar ativos com desconto, alinhado ao seu famoso lema: “Seja ganancioso quando os outros estão com medo.”
Não é a primeira vez que a Berkshire Hathaway mostra sua força em momentos de volatilidade. Durante a crise financeira de 2008, Buffett realizou investimentos icônicos em empresas como Goldman Sachs e General Electric, lucrando bilhões posteriormente.
Dado o histórico do “Oráculo de Omaha”, muitos analistas estão de olho em possíveis movimentos futuros da Berkshire nos próximos dias ou semanas.
Além da sua posição de caixa confortável, a empresa também possui participações relevantes em companhias que são vistas como resilientes — como Apple, Coca-Cola, American Express e Kraft Heinz.
Mesmo com quedas generalizadas em setores-chave, essas empresas mantiveram um desempenho relativamente estável, contribuindo para a proteção da carteira de ações da Berkshire.
A forte diversificação do portfólio da Berkshire é outra razão pela qual ela costuma resistir melhor do que a média do mercado em momentos críticos.
Investidores institucionais e gestores de fundos veem na Berkshire uma espécie de “mini-ETF” do mercado americano, mas com a vantagem da gestão disciplinada de Buffett e sua equipe.
O movimento das ações nesta quinta-feira também gerou curiosidade sobre os possíveis reflexos no próximo relatório trimestral da companhia, principalmente no que diz respeito às movimentações de caixa.
Com a incerteza crescente em torno das tarifas e do futuro da economia global, os ativos de qualidade e empresas com balanços sólidos estão sendo cada vez mais valorizados pelo mercado.
A Berkshire, portanto, reforça sua imagem como empresa antifrágil, capaz de não apenas resistir às quedas, mas também prosperar em meio ao caos.
O S&P 500 registrou uma das suas piores sessões desde a pandemia, com investidores fugindo de ações em busca de segurança.
Já o índice Dow Jones caiu mais de 4,8%, enquanto o Nasdaq perdeu quase 6%, puxado pela forte correção em ações de tecnologia.
A reação do mercado às tarifas impostas por Trump mostra o quão sensível os investidores estão a qualquer ameaça à estabilidade econômica.
Mesmo empresas gigantes como Amazon, Tesla e Microsoft enfrentaram perdas expressivas durante o pregão.
Nesse contexto, a queda de apenas 1,4% nas ações Classe B da Berkshire se tornou ainda mais impressionante, atraindo atenção da mídia e dos analistas.
Especialistas também apontam que o DNA conservador da Berkshire, aliado à sua capacidade de geração de caixa, cria uma camada extra de proteção contra oscilações violentas de curto prazo.
Warren Buffett, embora mais reservado em aparições públicas nos últimos anos, já havia alertado diversas vezes sobre os riscos de bolhas de mercado e do excesso de otimismo.
Para ele, momentos como este são oportunidades de longo prazo — e não ameaças permanentes ao crescimento.
Os investidores que acompanham a filosofia de Buffett continuam fiéis ao seu estilo de value investing, ignorando o ruído do mercado e focando em fundamentos sólidos.
As tarifas de Trump, embora agressivas, podem abrir espaço para uma nova rodada de negociações comerciais — algo que o mercado pode começar a precificar nas próximas semanas.
Enquanto isso, a Berkshire Hathaway permanece em posição privilegiada para capitalizar qualquer desdobramento futuro, seja ele negativo ou positivo.
A empresa também não enfrenta grandes pressões de endividamento, o que a diferencia de muitos conglomerados que operam alavancados.
Esse cenário reforça a importância de possuir empresas resilientes em carteiras de longo prazo, especialmente em tempos incertos.
Com a confiança do mercado parcialmente abalada, a atuação de Buffett poderá ganhar ainda mais destaque nos próximos meses.
Se novos anúncios de compras forem feitos, o mercado verá novamente o “efeito Buffett”, que tradicionalmente impulsiona ações ligadas a suas decisões.
Por ora, a Berkshire Hathaway segue sólida, reafirmando seu lugar como um dos ativos mais confiáveis de Wall Street.