NOVA YORK – A Nvidia (NASDAQ: NVDA) anunciou nesta segunda-feira (20) uma iniciativa histórica que marca um novo capítulo em sua trajetória de inovação: a construção de supercomputadores de inteligência artificial inteiramente em solo americano pela primeira vez.
A empresa de tecnologia, referência global em chips gráficos e soluções de IA, revelou que firmou parcerias estratégicas com fabricantes locais para tornar o projeto viável e robusto. A novidade movimentou o mercado e chamou a atenção de analistas e investidores.

As ações da Nvidia chegaram a subir até 3% logo após o anúncio oficial. No entanto, estavam estáveis pouco antes das 14h (horário de Brasília), refletindo uma acomodação do mercado após a euforia inicial.
Segundo o comunicado da empresa, mais de 1 milhão de metros quadrados foram assegurados nos Estados Unidos para abrigar instalações de produção, testes de chips e montagem de supercomputadores de IA.

A produção dos chips de IA Blackwell, que compõem a nova geração da arquitetura da empresa, teve início nas instalações da TSMC em Phoenix, Arizona. A TSMC é uma das maiores fabricantes de semicondutores do mundo.
Ao mesmo tempo, as fábricas de supercomputadores serão erguidas no Texas, com o apoio das empresas parceiras Foxconn e Wistron, duas gigantes do setor de eletrônicos e montagem de sistemas computacionais.
Em Houston, a Foxconn vai liderar a produção de infraestrutura crítica, enquanto a Wistron ficará responsável pela integração e montagem final dos supercomputadores em Dallas.
A previsão é que a produção em massa nessas duas localidades do Texas comece dentro de 12 a 15 meses, com as primeiras unidades sendo entregues ainda em 2026.
Essa movimentação marca uma mudança importante na estratégia da Nvidia, que tradicionalmente depende de fábricas no sudeste asiático para seus componentes mais avançados.
Com o novo projeto, a empresa quer consolidar um ecossistema local robusto, capaz de atender à crescente demanda por computação de alto desempenho e IA generativa dentro dos próprios Estados Unidos.
A iniciativa também está alinhada com o esforço do governo americano de trazer de volta para o país a produção de semicondutores estratégicos, considerados vitais para segurança nacional.
O CEO da Nvidia, Jensen Huang, afirmou que essa nova fase representa “um marco fundamental na história da empresa” e que a capacidade local de produção será essencial para atender a governos, universidades e grandes corporações.

A decisão também pode impactar positivamente a logística da empresa, reduzindo prazos de entrega e aumentando a resiliência da cadeia de suprimentos, que foi duramente afetada nos últimos anos.
Além disso, a construção dessas instalações vai gerar milhares de empregos diretos e indiretos, especialmente nas regiões de Houston e Dallas, impulsionando a economia local.
Especialistas do setor afirmam que essa descentralização da produção pode ajudar a Nvidia a manter sua liderança em um mercado altamente competitivo e em constante transformação.
A arquitetura Blackwell promete dobrar o desempenho de IA em relação à geração anterior Hopper, o que coloca os novos supercomputadores em posição de destaque no cenário global.
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Esses supercomputadores devem ser utilizados em áreas como simulações climáticas, modelagens de proteínas, desenvolvimento de medicamentos, segurança cibernética e aplicações militares.
O investimento em território americano também fortalece a posição da Nvidia em licitações públicas e projetos governamentais, que muitas vezes priorizam soluções desenvolvidas dentro do país.
A parceria com a TSMC, mesmo em solo americano, mostra que a cooperação internacional continuará sendo parte do DNA da empresa — mas agora com maior controle e supervisão local.
Segundo analistas da Wedbush Securities, esse movimento da Nvidia não é apenas estratégico, mas também simbólico, mostrando ao mercado que a empresa está preparada para liderar a era da IA de forma soberana.
A construção de supercomputadores nos EUA também pode influenciar decisões de outras gigantes do setor, como AMD, Intel e até a Apple, que observam com atenção o reposicionamento da concorrente.
No cenário macroeconômico, a medida pode contribuir com os objetivos do Federal Reserve de estimular a indústria local sem gerar pressão inflacionária excessiva, dada a natureza tecnológica dos investimentos.
A localização das fábricas no Texas e Arizona também se beneficia de políticas estaduais que oferecem incentivos fiscais e estrutura de apoio à inovação.
As regiões escolhidas contam com mão de obra qualificada e presença de universidades e centros de pesquisa, o que deve facilitar a contratação e treinamento de novos profissionais.
Com a nova capacidade instalada, a Nvidia espera triplicar sua capacidade de entrega de soluções de IA até 2027, atendendo a uma demanda que cresce exponencialmente no setor.
Os dados da IDC apontam que o mercado global de IA deve ultrapassar US$ 900 bilhões em valor até 2027, e a Nvidia pretende ser a principal fornecedora de hardware para essa transformação.

O aumento da presença física nos EUA também pode facilitar o relacionamento com clientes do setor público e empresas de defesa, que exigem certificações e padrões mais rígidos de segurança.
A expectativa do mercado é de que as ações da Nvidia possam se valorizar ainda mais no médio prazo, principalmente se os projetos no Texas e Arizona forem concluídos dentro do cronograma.
Nos últimos meses, a empresa já vinha sendo beneficiada pelo boom da IA generativa, com suas GPUs sendo utilizadas em projetos de empresas como OpenAI, Microsoft e Amazon.
Agora, com essa nova infraestrutura, a empresa poderá oferecer soluções completas “da fábrica ao data center”, com maior controle de qualidade e desempenho.
Esse anúncio também reforça a mensagem da empresa de que ela está comprometida com o futuro da computação avançada e com a autonomia industrial dos EUA.
Enquanto isso, os investidores seguem atentos aos próximos balanços financeiros da Nvidia, esperando que os novos investimentos não pressionem demais as margens de lucro no curto prazo.
A empresa, no entanto, garante que os retornos serão positivos já a partir de 2026, com contratos bilionários em negociação com governos, universidades e empresas do setor de energia e saúde.
Para os consumidores finais, essa mudança pode significar uma nova geração de produtos de IA mais acessíveis, potentes e com menor tempo de lançamento.
Com os EUA voltando a ser protagonistas na produção de supercomputadores, a Nvidia inicia um novo ciclo de crescimento e inovação que pode redefinir o setor global de tecnologia.
