
A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), uma das maiores fabricantes de semicondutores do mundo, pode ser alvo de uma pesada sanção imposta pelo governo dos Estados Unidos.
Mesmo adotando uma postura de colaboração com as autoridades norte-americanas, a TSMC pode ser multada em até US$ 1 bilhão por supostamente ter fornecido chips de Inteligência Artificial (IA) à Huawei, empresa chinesa que está sob restrições comerciais dos EUA.
A informação foi divulgada por fontes próximas à Casa Branca, que indicam que o Departamento de Comércio dos EUA concluiu uma investigação detalhada sobre a atuação da TSMC.
O foco da investigação foi a identificação de uma companhia “laranja” que estaria servindo como intermediária entre a TSMC e a Huawei. O nome da empresa é Sophgo.
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O chip em questão é o Ascend 910B, um poderoso processador de IA usado pela Huawei para treinar modelos avançados de inteligência artificial e alimentar servidores corporativos.
Embora a TSMC não tenha feito negócios diretamente com a Huawei, os investigadores alegam que a empresa sabia que a Sophgo estava atuando como ponte.
A legislação dos Estados Unidos proíbe a exportação de certos componentes de alta tecnologia para empresas chinesas consideradas uma ameaça à segurança nacional.
A Huawei está na lista negra de exportações dos EUA desde 2019, o que significa que empresas americanas e estrangeiras estão proibidas de fazer negócios com a gigante chinesa sem uma licença especial.
A TSMC, apesar de ser uma empresa de Taiwan, depende fortemente de tecnologias e equipamentos fabricados nos Estados Unidos para produzir seus chips.
Por isso, está sujeita às sanções e restrições comerciais impostas pelo governo norte-americano.
O Departamento de Comércio afirma que a TSMC tinha recursos para rastrear o destino final dos chips produzidos, mas falhou em agir quando ficou claro que a Sophgo estava repassando o material para a Huawei.
Se confirmada, a multa de US$ 1 bilhão representará uma das maiores já aplicadas contra uma empresa de tecnologia estrangeira por violar as regras de controle de exportações dos EUA.
Em nota enviada à imprensa, a empresa disse que “não comenta sobre casos específicos, mas reitera seu compromisso com a transparência e conformidade legal.”
Por outro lado, analistas do setor acreditam que o caso pode afetar a reputação da TSMC junto a seus parceiros norte-americanos.
A empresa fornece chips para gigantes como Apple, NVIDIA, AMD, Qualcomm e outras empresas dos EUA.
Uma eventual ruptura na relação de confiança pode afetar acordos comerciais e contratos futuros com empresas americanas.
Além disso, investidores estão preocupados com o impacto financeiro da multa, que pode comprometer parte dos lucros da companhia no próximo trimestre.
As ações da TSMC já mostraram sinais de queda após os rumores da multa começarem a circular na mídia internacional.
Outro ponto de atenção é a possível pressão sobre outras fundições de chips que atuam na Ásia, especialmente as que fornecem para empresas chinesas.
Especialistas dizem que o governo dos EUA está ampliando o cerco contra transações que envolvem indiretamente a Huawei.
A utilização de empresas de fachada, como a Sophgo, tornou-se uma estratégia comum para driblar restrições comerciais.
No entanto, Washington tem investido pesado em mecanismos de rastreabilidade e cooperação internacional para identificar esses esquemas.
O caso TSMC-Sophgo-Huawei pode servir de alerta para outras empresas que atuam com semicondutores.
A expectativa é que novas medidas sejam anunciadas pelo governo norte-americano para endurecer ainda mais as exportações de chips de IA.
Nos bastidores, empresas do setor temem que o episódio desencadeie um novo capítulo na guerra tecnológica entre EUA e China.
A Huawei, por sua vez, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso envolvendo a Sophgo e a TSMC.
Mas analistas acreditam que a empresa continuará tentando contornar as sanções, investindo em soluções domésticas para chips e inteligência artificial.
A China também está acelerando sua própria cadeia de produção de semicondutores para reduzir a dependência de empresas estrangeiras.
Enquanto isso, autoridades dos EUA querem que a penalidade contra a TSMC sirva como exemplo e desestimule outras infrações futuras.
A indústria global de chips está em alerta, observando atentamente os desdobramentos da investigação.
A penalidade pode marcar um ponto de inflexão na política comercial dos EUA com empresas taiwanesas.
Vale lembrar que os Estados Unidos também têm investido bilhões de dólares para atrair empresas como a TSMC para construir fábricas em solo americano.
A TSMC está, inclusive, construindo uma planta no Arizona com apoio financeiro do governo norte-americano.
O episódio pode colocar em xeque a relação de confiança entre Washington e Taipei.
Governos e empresas do mundo todo observam com atenção como os EUA pretendem equilibrar segurança nacional e interesses comerciais.
Se a multa for confirmada, espera-se que a TSMC recorra da decisão e tente negociar um acordo menos severo.
Ainda assim, o episódio reforça o clima de tensão que envolve a disputa por tecnologias de ponta entre as potências globais.