Presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou ao Senado dos EUA que os efeitos das tarifas de Donald Trump sobre a inflação americana ainda são uma incógnita, gerando incertezas econômicas globais e acendendo alerta entre os investidores.
Em uma audiência no Senado dos Estados Unidos nesta quarta-feira, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, fez uma declaração que acendeu o sinal de alerta nos mercados internacionais: o impacto das tarifas comerciais propostas por Donald Trump na inflação americana ainda é imprevisível.
O pronunciamento ocorre em meio a um cenário de crescente debate eleitoral e retomada de políticas protecionistas. Com a possível reeleição de Trump em 2025, novas tarifas sobre importações, especialmente da China, podem ser adotadas, afetando diretamente a cadeia global de suprimentos.
Powell afirmou que, embora o Federal Reserve esteja monitorando as movimentações, é cedo para estimar como as novas tarifas poderiam influenciar os índices de preços ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI). Isso reforça a volatilidade do cenário econômico.
Ao ser questionado sobre os riscos, Powell reconheceu que tarifas podem gerar pressões inflacionárias caso aumentem os custos de produtos importados. No entanto, enfatizou que os efeitos podem variar de acordo com a magnitude e o escopo das tarifas impostas.

As declarações de Powell geraram reações imediatas no mercado financeiro, com oscilações nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano e valorização momentânea do dólar frente a moedas emergentes.
Economistas alertam que o impacto pode ser ainda maior em países que exportam insumos para os EUA. A incerteza tarifária pode reduzir investimentos, encarecer matérias-primas e afetar a confiança de empresas internacionais.
As tarifas, caso implementadas, também podem alterar a política monetária do Fed, dificultando a redução das taxas de juros em 2025. Com a inflação instável, o Fed poderá ser mais conservador nos próximos cortes.
Segundo Powell, o Federal Reserve continua comprometido com sua meta de inflação de 2% ao ano, mas ressaltou que “choques externos imprevisíveis, como tarifas e guerras comerciais, dificultam a projeção de preços no médio prazo”.
Donald Trump já prometeu aplicar uma tarifa de 10% sobre todas as importações, caso vença a eleição presidencial. Economistas temem que isso possa provocar um novo ciclo inflacionário global.
A política tarifária de Trump é vista por analistas como uma tentativa de proteger a indústria americana, mas pode gerar efeitos colaterais graves. Produtos eletrônicos, automóveis e alimentos importados seriam os mais impactados.
O cenário também preocupa aliados comerciais dos EUA. Países da União Europeia, Canadá, México e Brasil poderiam ver suas exportações comprometidas, afetando suas próprias balanças comerciais e crescimento.
O Fed não entra em debates políticos, mas Powell frisou que qualquer política econômica que interfira nos preços deve ser considerada pelo banco central em suas análises.
Investidores globais já ajustam suas carteiras com foco em proteção contra a inflação de custos, buscando ativos como ouro, commodities e títulos indexados ao IPCA americano.
A possível vitória de Trump em novembro reacendeu temores de uma nova guerra comercial com a China, que já respondeu com ameaças de retaliações econômicas e restrições comerciais.
Além do efeito inflacionário, as tarifas podem impactar a produção industrial americana, ao encarecer insumos e componentes, o que dificultaria a recuperação do setor manufatureiro dos EUA.
Para o setor de tecnologia, que depende fortemente de componentes asiáticos, os impactos seriam severos. Empresas como Apple, Dell e HP podem ser forçadas a repensar suas cadeias logísticas.
O aumento da inflação por tarifas pode dificultar o poder de compra do consumidor americano, ampliando desigualdades e reduzindo o crescimento do consumo interno.
Alguns analistas sugerem que as tarifas também podem acelerar o movimento de “reshoring” — a volta da produção para o território americano — mas isso exige altos investimentos e não resolve o problema de curto prazo.
A fala de Powell também reforça o papel do Federal Reserve como vigilante da estabilidade econômica. Em meio a um cenário eleitoral carregado, o Fed se mantém independente, mas atento aos impactos das decisões políticas.
Empresas multinacionais começam a incluir em seus relatórios de risco a possibilidade de mudanças tarifárias em 2025. Isso mostra que o mercado já incorpora essa variável em suas decisões estratégicas.
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Em 2018, quando Trump aplicou tarifas contra a China, a inflação subiu moderadamente nos EUA, mas os efeitos foram compensados por cortes de impostos. Em 2025, o cenário é diferente e mais frágil.
O ambiente atual é de dívida pública elevada, juros ainda altos e menor margem de manobra fiscal. Portanto, novas tarifas teriam impacto mais sensível no bolso do consumidor e na dinâmica dos preços.
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Para o Banco Central do Brasil e outras autoridades monetárias ao redor do mundo, o retorno de políticas protecionistas nos EUA pode obrigar ajustes em suas próprias políticas de juros e câmbio.
Empresas brasileiras com forte presença exportadora podem ser prejudicadas se o dólar se valorizar e os custos internacionais aumentarem, afetando a competitividade.
O impacto global das tarifas vai além da inflação: pode afetar o crescimento econômico, balança comercial, cadeias produtivas e até a estabilidade geopolítica, especialmente entre EUA e China.
Diante disso, especialistas recomendam atenção redobrada às decisões da política americana e postura cautelosa nos investimentos, especialmente para quem atua no mercado internacional.
Powell encerrou sua participação no Senado dizendo que o Fed está pronto para agir conforme os dados indicarem, reforçando o compromisso com a estabilidade de preços e o pleno emprego.
Enquanto isso, os mercados seguem acompanhando com cautela os desdobramentos eleitorais nos Estados Unidos e os possíveis efeitos colaterais de uma agenda protecionista renovada.