Ex-presidente afirma que só negociará com países que reduzirem o déficit comercial com os EUA.
Washington, D.C. – O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a atacar as relações comerciais entre o país e a China, afirmando que os EUA não devem continuar arcando com enormes déficits para importar produtos básicos. Em uma fala polêmica, Trump disse: “Não vamos continuar perdendo US$ 1 trilhão pelo privilégio de comprar lápis da China”.
A declaração aconteceu durante um comício em Michigan, onde o ex-presidente reforçou sua política protecionista e deixou claro que não tem intenção de negociar com outros países sobre as novas tarifas impostas, a menos que eles estejam dispostos a discutir o que ele chama de “problema do déficit”.
Trump vem intensificando o tom contra a China nos últimos meses, especialmente em meio à campanha presidencial de 2024. Para ele, o déficit comercial com os chineses é uma das principais razões para a estagnação da economia americana.
Segundo o ex-presidente, os Estados Unidos têm sido “enganados” por anos em acordos comerciais injustos. “Nós pagamos caro para comprar produtos simples da China, enquanto eles impõem barreiras enormes contra os nossos produtos”, disse.
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A fala sobre lápis da China viralizou nas redes sociais e foi interpretada por muitos como uma forma de ironizar o que Trump vê como um sistema desequilibrado de comércio.
Déficit trilionário
Durante sua fala, Trump afirmou que os EUA já perdem até US$ 1 trilhão por ano com déficits comerciais, número considerado exagerado por especialistas, mas que ele utiliza como retórica para reforçar sua política econômica.
O déficit comercial com a China, especificamente, gira em torno de US$ 300 bilhões, segundo dados recentes do Departamento de Comércio dos EUA. Mesmo assim, Trump insiste que o impacto indireto da relação com o país asiático representa um rombo ainda maior.
Para o ex-presidente, a indústria americana precisa ser revitalizada, e isso só ocorrerá com medidas duras contra países que “se aproveitam” da economia dos EUA.
Tarifas e mais tarifas
Desde o início de seu mandato em 2017, Trump tem defendido o uso de tarifas como instrumento de pressão. Ele acredita que o aumento de tarifas sobre produtos chineses é uma forma legítima de forçar Pequim a mudar seu comportamento.
Recentemente, Trump prometeu que, se eleito novamente, aplicará tarifas de pelo menos 60% sobre todos os produtos importados da China.
A proposta foi recebida com preocupação por economistas e empresários, que alertam para os impactos negativos em cadeias de suprimento, inflação e preços ao consumidor.
Impacto nas relações internacionais
A nova escalada de retórica protecionista também levanta dúvidas sobre como será a relação dos Estados Unidos com seus principais parceiros comerciais caso Trump volte ao poder.
“Não tenho interesse em negociar com países que não estão dispostos a resolver o problema do déficit”, afirmou Trump no comício.
A postura firme de Trump já foi criticada por líderes europeus e asiáticos, que consideram suas ações um risco à estabilidade do comércio global.
Efeitos no mercado financeiro
A fala do ex-presidente provocou reações imediatas no mercado financeiro. As ações de empresas americanas com forte dependência da China registraram quedas após o discurso.
Analistas avaliam que, embora o discurso tenha apelo político, ele pode gerar instabilidade nos mercados internacionais.
Empresas do setor de tecnologia, como Apple e Tesla, também sofreram com a incerteza criada pela possível elevação de tarifas.
Reação da China
O governo chinês respondeu de forma contida às declarações de Trump, afirmando que medidas protecionistas não beneficiam nenhuma das partes.
Em nota, o Ministério do Comércio da China destacou que o país continuará defendendo o comércio justo e aberto.
Mesmo assim, há o temor de uma nova guerra comercial, como a que aconteceu durante o governo Trump entre 2018 e 2019.
Setores americanos em alerta
Diversos setores da economia dos EUA, incluindo varejo, agricultura e manufatura, expressaram preocupação com a retomada de tarifas amplas.
Associações comerciais alertam que os consumidores americanos podem pagar mais caro por produtos básicos.
Lápis, canetas, eletrônicos e até brinquedos podem se tornar mais caros caso as medidas prometidas por Trump se concretizem.
Críticas e apoio
Enquanto adversários políticos acusam Trump de usar dados exagerados e criar um clima de instabilidade, seus apoiadores aplaudem a retórica nacionalista.
Para muitos eleitores, especialmente em estados industriais como Michigan e Ohio, a promessa de proteger empregos americanos é bem-vinda.
“A China destruiu a indústria americana, e só Trump tem coragem de enfrentá-los”, disse um eleitor presente no comício.
Biden na defensiva
A Casa Branca não comentou diretamente as falas de Trump, mas o presidente Joe Biden vem tentando mostrar que também está atento à relação com a China.
Biden já manteve algumas tarifas herdadas do governo anterior e vem buscando alternativas diplomáticas para reduzir a tensão comercial.
Mesmo assim, o discurso de Trump tem ganhado força em meio à campanha, especialmente entre eleitores conservadores.
Comércio global sob risco
Especialistas alertam que o retorno de uma política comercial agressiva pode afetar não só os EUA e a China, mas todo o sistema de comércio internacional.
“A retórica de Trump coloca em xeque anos de avanços na globalização e na integração das cadeias produtivas”, afirma o economista Paul Kingston, da Universidade de Chicago.
Organizações como a OMC (Organização Mundial do Comércio) já manifestaram preocupação com o aumento de medidas unilaterais.
Eleições e economia
A economia é um dos temas centrais das eleições de 2024 nos Estados Unidos, e Trump está explorando isso ao máximo.
Sua narrativa de “América em primeiro lugar” continua a atrair apoio, mesmo diante de críticas da comunidade internacional.
Trump promete revisar todos os acordos comerciais, reindustrializar os EUA e punir países que, segundo ele, “roubam empregos americanos”.
Palavras fortes, efeito duradouro
Ao comparar o comércio com a China à compra de lápis caros, Trump aposta em uma linguagem simples para atingir o público comum.
A estratégia é eficaz: memes, vídeos e análises sobre o “lápis da China” dominaram o noticiário e as redes sociais após sua fala.
A retórica direta, ainda que polêmica, é uma das marcas de sua comunicação política.
Conclusão
Trump reforça sua imagem de líder combativo, disposto a mudar as regras do jogo internacional se for necessário.
Se eleito novamente, o impacto de suas políticas comerciais pode ser profundo, tanto dentro quanto fora dos EUA.
O mundo observa atentamente os desdobramentos dessa possível mudança de postura comercial americana.
Enquanto isso, empresários, consumidores e governos se preparam para um possível retorno da guerra comercial.
A fala sobre o “lápis da China” pode parecer simples, mas esconde uma complexa disputa por poder e influência global.
Com o cenário eleitoral acirrado, é provável que novos discursos inflamados surjam nas próximas semanas.
Trump está disposto a usar todos os recursos retóricos para conquistar novamente a Casa Branca.
E entre tarifas, déficits e lápis, o comércio internacional pode entrar em um novo ciclo de incertezas.