
Em meio à crescente tensão comercial entre os Estados Unidos e a China, o secretário do Tesouro norte-americano, John E. Warren, fez nesta quarta-feira (9) uma das declarações mais duras já registradas contra o governo de Pequim. Em um discurso transmitido ao vivo, ele afirmou que qualquer país que optar por se alinhar estrategicamente à China “estará cavando a própria cova”.
A fala foi uma resposta direta à decisão do governo chinês de impor novas tarifas de até 84% sobre produtos norte-americanos, uma retaliação às sanções comerciais e restrições tecnológicas aplicadas por Washington nos últimos meses.
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“A China está tentando reescrever as regras do comércio global, ignorar os padrões democráticos e criar dependência econômica. Quem escolher andar ao lado deles, sofrerá as consequências. Isso é um aviso, não uma ameaça”, afirmou Warren, com tom sério e firme.
A nova política tarifária chinesa atinge setores estratégicos da economia dos EUA, incluindo tecnologia, semicondutores, automóveis elétricos e alimentos processados. Segundo especialistas, as tarifas devem causar um impacto bilionário nas exportações norte-americanas.
O presidente Joe Biden, em pronunciamento posterior, adotou um tom mais diplomático, dizendo que os Estados Unidos “responderão de forma proporcional, mas com firmeza”, e destacou que as tentativas de diálogo seguem em curso. Ele também convocou uma reunião de emergência com líderes europeus para discutir o posicionamento conjunto frente às ações da China.
Já Donald Trump, ex-presidente e pré-candidato republicano à Casa Branca, reagiu de forma mais conciliadora. Em uma postagem em sua plataforma Truth Social, pediu “calma ao povo americano” e disse que “tudo vai dar certo no final”.
“Eu conheço a China. Sei como eles pensam, sei como negociar com eles. Esta escalada era previsível e evitável. Confie em mim: nós vamos resolver isso”, disse Trump, que vem aumentando seu tom crítico contra a atual administração Biden nas últimas semanas.
A declaração do secretário Warren gerou reações imediatas em diversas capitais mundiais. Países como Alemanha, Índia e África do Sul demonstraram preocupação com o tom beligerante dos Estados Unidos e afirmaram que manterão relações diplomáticas e comerciais com ambas as potências.
Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China classificou a fala como “uma afronta à soberania de nações independentes” e acusou Washington de “intimidação imperialista”.
“A China não irá tolerar ameaças veladas ou tentativas de isolar seu modelo econômico. Nossa resposta será proporcional, estratégica e permanente”, disse o comunicado oficial.
A crise atual expõe o que muitos analistas consideram o maior desafio geopolítico desde o fim da Guerra Fria: o redesenho das alianças econômicas globais e o confronto direto entre os modelos de governança ocidental e chinês.
Enquanto isso, os mercados financeiros reagiram com forte volatilidade. O índice Dow Jones caiu 3,2% nas primeiras horas da manhã, enquanto o Nasdaq recuou 2,7%, puxado por ações de empresas de tecnologia afetadas pelas novas tarifas.
Na Ásia, a Bolsa de Xangai fechou em leve alta, com investidores chineses acreditando que as novas medidas trarão maior proteção à indústria local.
O setor agrícola norte-americano também sentiu os efeitos. A Associação Nacional de Produtores de Soja alertou para o risco de quebra nos contratos com empresas chinesas e pediu ajuda emergencial ao governo.
No Congresso dos EUA, senadores republicanos e democratas se dividem sobre o tom adotado por Warren. Enquanto alguns o elogiam por “mostrar firmeza”, outros consideram que sua fala “aumenta o risco de conflito desnecessariamente”.
A tensão ocorre em um momento delicado, com os EUA entrando em ano eleitoral e a economia global enfrentando desaceleração, inflação persistente e desafios climáticos.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu nota pedindo “diálogo imediato e multilateral” entre as duas potências, alertando para os riscos de uma recessão global caso a disputa escale ainda mais.
O secretário Warren, porém, voltou a afirmar que “não se pode dialogar com um regime que manipula a economia global e reprime seus próprios cidadãos”, e defendeu o fortalecimento de alianças com países considerados “democracias confiáveis”.
A União Europeia ainda não se posicionou oficialmente sobre a fala de Warren, mas fontes de Bruxelas indicam que o bloco avalia novas estratégias para lidar com o impacto das tarifas chinesas e proteger seus próprios mercados.
O Brasil, importante parceiro comercial de China e EUA, também observa a situação com cautela. O Itamaraty declarou que seguirá buscando “equilíbrio nas relações bilaterais com ambas as nações” e defendeu a mediação de conflitos através da OMC.
Especialistas ouvidos por veículos internacionais apontam que a escalada pode representar o início de uma nova guerra comercial, com impactos severos no crescimento global, especialmente em países emergentes.
A fala de Trump, embora mais branda, também levanta preocupações. “Pedir calma é importante, mas minimizar a gravidade do momento pode ser perigoso”, afirmou o analista de política internacional Michael Rosen.
Já para a ala trumpista, a declaração do ex-presidente foi “essencial para evitar pânico nos mercados e entre os eleitores”.
Nas redes sociais, a hashtag #ChinaTariffs explodiu em menções, com internautas debatendo os prós e contras do posicionamento dos EUA.
Alguns usuários criticaram o governo Biden por “ter deixado a situação chegar a esse ponto”, enquanto outros defenderam as medidas como necessárias para conter o avanço da influência chinesa.
Enquanto a diplomacia se move nos bastidores, grandes empresas norte-americanas começam a rever seus planos de expansão na China, temendo novas sanções e a perda de acesso ao mercado asiático.
Empresas como Tesla, Apple e Boeing estão entre as mais afetadas pela mudança no cenário comercial, e podem redirecionar parte de suas operações para países como Vietnã, Índia e México.
A tensão também reacende o debate sobre a dependência tecnológica do Ocidente em relação à Ásia. Líderes do setor de chips nos EUA pedem maior investimento federal para tornar a indústria mais autônoma.
A comunidade internacional segue atenta. Líderes do G20 planejam uma reunião extraordinária nos próximos dias para tratar do novo impasse entre Washington e Pequim.
Na ONU, o secretário-geral António Guterres pediu “responsabilidade, diálogo e moderação”, lembrando que “o mundo não pode pagar o preço de mais um conflito”.
Ao final do dia, apesar da instabilidade, o secretário Warren reafirmou que os EUA “estão preparados para todos os cenários”, e que o objetivo não é o confronto direto, mas a defesa de princípios que “sustentam a ordem mundial há décadas”.
Resta agora aguardar os próximos movimentos da diplomacia internacional e ver como o mercado e os países reagirão a esse novo e perigoso capítulo da disputa entre Estados Unidos e China.