Ibovespa reage com força após trégua China-EUA e balanços de gigantes brasileiras

Índice avança com apoio de Vale e Petrobras, embalado por alívio no comércio internacional e resultados corporativos animadores

O Ibovespa iniciou a semana em alta nesta segunda-feira (12), sustentado principalmente pelas ações da Vale e da Petrobras, que reagiram positivamente ao acordo temporário entre China e Estados Unidos para reduzir tarifas comerciais. O índice também foi influenciado por uma leva de balanços corporativos de grandes empresas brasileiras.

O cenário externo foi o principal motor para o otimismo no início do pregão. O anúncio de que as duas maiores economias do mundo concordaram em suspender parte das tarifas recíprocas por 90 dias animou os mercados globais. O pacto envolve a redução de alíquotas sobre produtos estratégicos para ambos os países.

Como reflexo imediato, os ativos ligados a commodities dispararam. A Vale (VALE3), cuja receita depende fortemente da demanda chinesa por minério de ferro, subiu mais de 3,5%, impulsionada também pela valorização da matéria-prima nos mercados asiáticos.

A Petrobras (PETR3; PETR4) também foi destaque. Suas ações ordinárias e preferenciais avançaram mais de 3,7%, embaladas pela alta do petróleo no exterior e pelas expectativas sobre a divulgação de seus resultados trimestrais no fim do dia.

Com isso, por volta das 13h, o Ibovespa operava com valorização de 0,72%, aos 137.320 pontos, muito próximo da máxima histórica do índice, que é de 137.634 pontos. O volume de negócios já superava R$ 12 bilhões até o início da tarde.

Apesar da empolgação, o mercado ainda mostrava cautela. Parte dos investidores aproveitou os ganhos recentes para realizar lucros, principalmente em ações que já vinham acumulando forte valorização em 2025.

O setor de materiais básicos foi o mais beneficiado pela trégua comercial. Além da Vale, siderúrgicas como Gerdau e CSN registraram altas relevantes, refletindo o otimismo com a retomada da atividade industrial chinesa.

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Já no setor de energia, além da Petrobras, outras petroleiras e empresas ligadas ao petróleo também foram favorecidas. A 3R Petroleum e a PetroReconcavo registraram alta de até 2% com a recuperação dos preços do barril do tipo Brent.

Enquanto isso, o setor financeiro teve desempenho misto. O BTG Pactual (BPAC11) abriu o dia com forte oscilação após divulgar seus números do primeiro trimestre. O banco apresentou lucro acima do esperado, mas o mercado ainda avalia as perspectivas para o restante do ano.

Outros bancos, como Itaú e Bradesco, registraram movimentos tímidos, aguardando os próprios resultados que devem ser revelados ao longo da semana.

Após o fechamento do pregão, os investidores também esperam os números de empresas como Sabesp (SBSP3), Natura&Co (NTCO3) e IRB Brasil (IRBR3), o que poderá influenciar a direção do mercado nos próximos dias.

No caso da Sabesp, a expectativa gira em torno de qualquer sinalização sobre o processo de privatização da companhia, que tem sido impulsionado pelo governo de São Paulo.

A Natura&Co, por sua vez, enfrenta o desafio de recuperar margens e reposicionar suas operações internacionais após enfrentar dificuldades nos últimos trimestres.

Já o IRB segue tentando se reerguer após anos de prejuízos e escândalos. A empresa vem apresentando sinais de recuperação, e o mercado aguarda por um trimestre de números mais consistentes.

No mercado cambial, o dólar operava em queda frente ao real, refletindo a maior entrada de capital estrangeiro e o apetite global por risco. Por volta das 13h, a moeda americana recuava 0,61%, cotada a R$ 4,96.

O cenário de juros também colaborou com o bom humor. As taxas futuras operavam em baixa, com o mercado projetando manutenção da Selic no patamar atual, ou até mesmo novos cortes dependendo do comportamento da inflação.

Com esse pano de fundo positivo, o otimismo com a bolsa ganhou fôlego mesmo com os riscos políticos e fiscais ainda no radar. A agenda econômica da semana inclui dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos, que podem influenciar o ritmo de corte de juros.

No exterior, as bolsas norte-americanas também operavam no azul. O S&P 500 e o Dow Jones subiam levemente, enquanto o Nasdaq tinha ganhos mais expressivos puxados por ações de tecnologia.

Na Europa, os principais índices encerraram a manhã em alta, também beneficiados pela trégua entre China e EUA, que reduz a incerteza sobre o comércio global e anima as bolsas do continente.

A Ásia teve uma madrugada positiva. Os principais mercados da região fecharam em alta, com destaque para Xangai e Hong Kong, que reagiram de forma entusiástica ao anúncio do acordo comercial.

De acordo com analistas de mercado, o Ibovespa pode continuar em tendência de alta nas próximas sessões, especialmente se o fluxo estrangeiro se mantiver positivo e os resultados das empresas surpreenderem.

O mercado também segue de olho nos desdobramentos do acordo entre China e EUA. Embora temporário, o gesto é visto como um passo importante para a redução de tensões que afetam cadeias globais de produção e consumo.

No ambiente doméstico, a expectativa de novos avanços na agenda de reformas e privatizações também pode contribuir com o desempenho da bolsa.

Ainda assim, os investidores seguem atentos a eventuais ruídos fiscais e políticos que possam gerar volatilidade. A preocupação com a sustentabilidade das contas públicas permanece presente.

Apesar das incertezas, a tendência de curto prazo permanece positiva. Os estrategistas de grandes corretoras acreditam que o Ibovespa pode romper novas máximas ainda em maio, dependendo da combinação entre cenário externo e resultados locais.

O comportamento das commodities continua sendo determinante para o desempenho da bolsa brasileira, dada a grande participação dessas empresas no índice.

Por fim, o cenário parece promissor para o investidor de longo prazo. Com inflação controlada, juros mais baixos e um ambiente internacional mais calmo, a B3 pode seguir como destino atrativo para o capital global.

A depender da continuidade da trégua entre China e EUA, novos acordos comerciais e bons resultados corporativos, o Ibovespa pode encerrar o semestre com saldo bastante positivo, renovando seu recorde histórico.

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