Governo dos Estados Unidos reforça que uso de semicondutores avançados da Huawei, mesmo fora da China, pode violar restrições e impactar segurança nacional e tecnológica.
O governo dos Estados Unidos intensificou os alertas sobre os riscos do uso de chips de inteligência artificial (IA) fabricados pela Huawei, afirmando que seu emprego “em qualquer lugar do mundo” pode violar as regras comerciais e tecnológicas norte-americanas.
Segundo a Casa Branca, o uso desses chips, especialmente em atividades relacionadas a treinamentos e inferências de modelos de IA chineses, pode ser considerado uma violação direta das sanções impostas por Washington desde 2019.
A nova declaração reforça a postura adotada inicialmente durante o governo Trump, quando a Huawei foi incluída na “Entity List”, proibindo empresas dos EUA de fornecerem tecnologia à companhia sem autorização explícita.
O atual governo também quer alertar o público global sobre “as potenciais consequências de permitir que chips de IA dos EUA sejam utilizados para fins estratégicos da China”, especialmente em setores de segurança, defesa e vigilância.

De acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, muitos chips utilizados pela Huawei ainda dependem de tecnologia norte-americana, mesmo quando fabricados por empresas em outros países, como Taiwan ou Coreia do Sul.
Isso ocorre porque a base da propriedade intelectual ou o maquinário usado nos processos de fabricação pode envolver componentes ou designs originários dos Estados Unidos, o que enquadraria seu uso como violação das normas de exportação.
Autoridades americanas estão pressionando parceiros internacionais a reforçarem os controles de exportação e cooperação para impedir que a China acesse tecnologia avançada de IA, especialmente por meio de empresas como a Huawei.
A medida é vista como uma tentativa de conter o avanço tecnológico da China, que tem investido pesadamente em IA, chips de 7 nm e supercomputação, com apoio estatal e foco em independência tecnológica.
Analistas apontam que a Huawei, mesmo sob sanções, conseguiu avanços significativos com a produção de chips próprios, como o Kirin 9000S, utilizando fundições locais como a SMIC, também alvo de restrições.
A atual diretriz de Washington preocupa fabricantes de chips em todo o mundo, pois aumenta o risco regulatório para empresas que exportam componentes usados pela Huawei ou outras firmas chinesas.
Em resposta, Pequim acusa os EUA de conduzirem uma guerra tecnológica e de tentarem conter o progresso legítimo da China por meio de bloqueios e sanções unilaterais.
LEIA MAIS
“Trump promete tarifas pesadas contra a China: ‘Chega de pagar trilhões por lápis!’”
“Trump promete tarifas pesadas contra a China: ‘Chega de pagar trilhões por lápis!’”
Apesar da pressão internacional, a Huawei continua avançando em sua estratégia de autossuficiência, lançando dispositivos com chips desenvolvidos internamente e apostando na integração com seu ecossistema HarmonyOS.
O governo americano afirma que seu foco não é apenas comercial, mas também de segurança nacional, uma vez que teme o uso de IA chinesa em armamentos, espionagem e sistemas de repressão.
A iniciativa se insere em um contexto mais amplo de tensões entre EUA e China envolvendo semicondutores, cadeias produtivas, soberania digital e disputas geopolíticas.
Especialistas em comércio internacional afirmam que a nova postura dos EUA pode gerar mais incerteza para empresas globais que operam no setor de semicondutores e IA.
Grandes empresas do Vale do Silício, como Nvidia e AMD, também vêm sendo afetadas por regulações que proíbem a exportação de chips avançados para clientes chineses.
Nos bastidores, os EUA querem impedir que tecnologias americanas sejam utilizadas para alimentar o crescimento da IA na China, principalmente em áreas sensíveis como reconhecimento facial, vigilância em massa e desenvolvimento militar.
A declaração oficial enviada pelo Departamento de Comércio reforça que qualquer entidade que forneça tecnologia para a Huawei pode estar sujeita a punições, incluindo a proibição de acesso ao mercado americano.
O governo Biden tem mantido a política iniciada por Trump com relação à Huawei, mas ampliado o escopo das sanções para abranger toda a cadeia de suprimentos e parceiros globais.
A medida é vista por aliados como parte da chamada “estratégia de contenção tecnológica”, mas por críticos como um protecionismo excessivo que pode prejudicar a inovação mundial.
O uso de IA está no centro dessa disputa, já que é considerado um dos pilares da liderança global nas próximas décadas, tanto no campo econômico quanto militar.
Por enquanto, o alerta dos EUA serve como mais um sinal de que as tensões entre as duas maiores economias do mundo seguirão firmes no setor de tecnologia.
Empresas, governos e pesquisadores devem redobrar a atenção quanto ao uso de chips de IA de origem ou com base em tecnologia americana, sob o risco de violações que podem afetar operações e reputações.