TikTok nos EUA: Trump adia proibição e dá 75 dias extras para ByteDance fechar venda

Trump amplia prazo para chinesa ByteDance vender operação do TikTok nos EUA

Presidente dos Estados Unidos oferece mais 75 dias para ByteDance negociar venda da operação americana do TikTok, com o objetivo de preservar o funcionamento da rede social e usar o acordo como moeda em negociações comerciais com a China

O presidente Donald Trump anunciou, na tarde desta sexta-feira, a extensão do prazo concedido à empresa chinesa ByteDance para a venda da operação do TikTok nos Estados Unidos. A decisão adia por mais 75 dias a proibição do aplicativo no país, inicialmente prevista para vigorar já neste fim de semana.

A medida representa uma tentativa do governo norte-americano de manter o TikTok ativo em território americano, desde que sob o controle de uma empresa nacional. O objetivo declarado da administração Trump é preservar a segurança nacional, ao mesmo tempo em que busca utilizar o acordo como ferramenta de pressão nas negociações comerciais com a China.

Com sede em Pequim, a ByteDance é proprietária do TikTok, uma das redes sociais mais populares entre adolescentes e jovens adultos no mundo inteiro. A plataforma, que permite a criação e o compartilhamento de vídeos curtos, se tornou um fenômeno cultural e digital.

O governo dos EUA alega que o TikTok representa um risco à privacidade e segurança dos cidadãos americanos, uma vez que seus dados poderiam ser acessados pelo governo chinês. A ByteDance nega as acusações e afirma que mantém servidores nos EUA e em Singapura, longe do controle de Pequim.

A decisão de Trump amplia o tempo para que possíveis compradores americanos finalizem propostas de aquisição. Entre os interessados em adquirir a operação americana do TikTok estão gigantes como Microsoft, Oracle e, mais recentemente, a Walmart.

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Fontes ligadas ao governo afirmam que a Casa Branca espera usar a eventual venda do TikTok como uma forma de obter concessões da China em outras áreas, como tarifas comerciais e propriedade intelectual. O movimento integra a estratégia mais ampla de confronto entre as duas maiores economias do mundo.

O Comitê de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos (CFIUS, na sigla em inglês) está coordenando as negociações e avaliará qualquer proposta feita à ByteDance. O CFIUS já havia determinado, anteriormente, que a ByteDance se desfizesse do TikTok por questões de segurança.

A extensão do prazo, segundo Trump, permite à sua administração mais tempo para estruturar um plano que atenda aos interesses econômicos e de segurança do país. “Queremos proteger os dados dos nossos cidadãos, mas também preservar os empregos e a inovação”, disse o presidente.

Além disso, Trump sugeriu que parte do valor da transação deveria ser destinada ao Tesouro americano, o que causou críticas entre especialistas jurídicos e empresariais, que consideram a ideia inconstitucional e sem precedentes.

A ByteDance, por sua vez, afirmou em nota que está comprometida com uma solução que seja benéfica para os usuários, parceiros e funcionários da empresa nos Estados Unidos. A companhia disse ainda estar disposta a continuar as conversas com possíveis compradores americanos.

O TikTok possui mais de 150 milhões de usuários nos Estados Unidos e emprega cerca de 1.500 pessoas no país. A plataforma tem crescido em popularidade e é considerada uma das principais concorrentes do Instagram e do YouTube entre o público mais jovem.

O anúncio da ampliação do prazo veio logo após uma série de reuniões entre representantes do governo e executivos da ByteDance. Pessoas próximas às negociações afirmam que o governo americano ficou satisfeito com a disposição da empresa chinesa em cooperar.

A Microsoft foi a primeira empresa a manifestar interesse público em adquirir as operações do TikTok nos EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. A gigante de tecnologia afirmou que pretende concluir as negociações antes do novo prazo estabelecido.

A Oracle também entrou na disputa e pode ter o apoio de investidores americanos já ligados à ByteDance. Analistas avaliam que a disputa pela operação americana do TikTok pode ultrapassar os US$ 20 bilhões.

A Walmart, conhecida varejista americana, surpreendeu ao anunciar que considera uma aliança com a Microsoft para adquirir o TikTok. A empresa acredita que a rede social pode ser uma ferramenta poderosa de engajamento com consumidores.

Especialistas veem o interesse de empresas americanas como uma tentativa de preservar um aplicativo com forte apelo comercial e social. O TikTok tem sido usado por marcas, influenciadores e celebridades para promover produtos e campanhas publicitárias.

A disputa pelo TikTok ocorre em um momento delicado das relações entre EUA e China, marcadas por tensões comerciais, restrições tecnológicas e acusações mútuas de espionagem.

A decisão de Trump de ampliar o prazo de venda é vista por analistas como uma tentativa de ganhar tempo político e evitar o desgaste de uma proibição abrupta, que poderia gerar reações negativas entre os jovens usuários do aplicativo.

Nos bastidores, membros do Partido Republicano demonstraram preocupação com o impacto político da proibição do TikTok em meio à campanha presidencial. Trump busca a reeleição e tenta manter apoio entre eleitores mais jovens.

Democratas também se manifestaram sobre o tema, pedindo transparência no processo de negociação e exigindo garantias de que a venda da operação americana do TikTok não será usada como arma política.

A ByteDance enfrenta pressões semelhantes em outros países. Na Índia, o TikTok foi banido junto com outros aplicativos chineses por questões de segurança. A União Europeia também iniciou investigações sobre a coleta de dados de usuários pela plataforma.

A nova extensão do prazo não impede que novas sanções possam ser impostas à empresa no futuro. O governo americano mantém a possibilidade de adotar medidas adicionais caso a venda não ocorra dentro do período estabelecido.

O TikTok já havia entrado com ações judiciais contra o governo dos EUA para contestar a ordem executiva que exigia a venda de suas operações. A empresa afirma que não viola leis americanas e que coopera com reguladores.

Com o novo prazo de 75 dias, as negociações devem se intensificar. As empresas interessadas devem apresentar ofertas formais e convencer tanto a ByteDance quanto o governo americano de que podem garantir a segurança dos dados dos usuários.

A decisão final sobre a venda do TikTok será acompanhada de perto por investidores, usuários e governos ao redor do mundo, que observam o caso como um termômetro das tensões geopolíticas e das novas regras do jogo digital global.

Enquanto isso, o TikTok continua operando normalmente nos Estados Unidos, com seus influenciadores, criadores de conteúdo e usuários aguardando os próximos passos da novela entre a ByteDance, a Casa Branca e as empresas americanas.

A expectativa é de que até o final dos 75 dias adicionais haja uma definição concreta sobre o futuro do TikTok no território americano, com uma venda, reestruturação ou eventual proibição.

A extensão do prazo representa uma trégua temporária em meio ao acirramento das disputas tecnológicas e comerciais entre Estados Unidos e China, que devem continuar moldando o cenário global nos próximos anos.

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