Moody’s rebaixa grandes bancos dos EUA após corte da nota soberana do país

Agência de classificação alerta que menor capacidade do governo dos EUA em sustentar obrigações altamente avaliadas pode afetar a estabilidade do sistema financeiro

A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou nesta semana a nota de crédito de alguns dos maiores bancos dos Estados Unidos, citando como principal motivo a recente redução da nota soberana do próprio governo americano.

O corte no rating soberano dos EUA, anunciado pela Moody’s anteriormente, afetou diretamente a percepção de risco em relação a instituições financeiras que dependem da estabilidade e da força do Tesouro norte-americano.

“Rebaixamento da classificação do governo indica que ele tem menos capacidade de apoiar essas obrigações altamente classificadas”, explicaram os analistas da agência em nota oficial.

A decisão repercutiu fortemente nos mercados financeiros, gerando apreensão entre investidores e analistas. A nova classificação impõe desafios adicionais para os bancos em meio a um cenário de juros elevados e riscos econômicos globais.

Entre os bancos afetados estão grandes nomes do setor financeiro americano, como Bank of America, Citigroup, Wells Fargo e Goldman Sachs. Cada um desses gigantes sofreu algum tipo de rebaixamento ou revisão negativa de perspectiva.

A Moody’s justificou o corte apontando que o enfraquecimento fiscal dos EUA pode reduzir a capacidade do governo em agir como “credor de última instância” no caso de uma nova crise sistêmica no setor bancário.

Esse movimento representa mais uma etapa na deterioração da confiança do mercado na resiliência do sistema financeiro dos Estados Unidos, especialmente diante do crescimento da dívida pública e dos impasses políticos em Washington.

Em seu relatório, a agência destacou também o aumento da polarização política como um risco estrutural. Segundo a Moody’s, essa instabilidade dificulta a adoção de políticas fiscais responsáveis e sustentáveis.

Além disso, o cenário econômico global ainda adiciona pressão sobre os bancos. As tensões geopolíticas, a inflação persistente e as incertezas com relação à política monetária do Federal Reserve criam um ambiente de volatilidade prolongada.

A Moody’s enfatizou que, embora os bancos norte-americanos ainda apresentem fundamentos sólidos, como capitalização robusta e liquidez razoável, o risco sistêmico cresceu devido à menor confiabilidade na atuação estatal em cenários extremos.

A agência apontou que a perspectiva para o setor bancário como um todo também foi revisada para “negativa”, refletindo o aumento das incertezas regulatórias, econômicas e políticas.

O Tesouro dos EUA não respondeu diretamente à decisão da Moody’s, mas fontes do governo afirmaram que os fundamentos da economia americana seguem fortes e que os bancos continuam bem capitalizados.

Ainda assim, os impactos do rebaixamento já foram sentidos na bolsa de valores, com ações de grandes bancos caindo em bloco. O índice financeiro do S&P 500 registrou perdas superiores a 2% após o anúncio.

Especialistas indicam que o rebaixamento pode encarecer o custo de captação dos bancos, tornando empréstimos mais caros para consumidores e empresas. Isso pode ter um efeito de desaceleração econômica em médio prazo.

Economistas também alertam para o risco de uma nova onda de instabilidade no sistema financeiro, especialmente se o Federal Reserve seguir com políticas monetárias mais restritivas.

A Fitch, outra grande agência de rating, já havia feito movimento semelhante ao da Moody’s, o que reforça a percepção de que o setor bancário está mais vulnerável do que se imaginava até pouco tempo atrás.

O risco de calote ou de dificuldades fiscais graves nos EUA ainda é considerado baixo, mas não mais desprezível, segundo a própria Moody’s. O país enfrenta crescentes pressões para conter seus déficits e estabilizar sua dívida pública.

A decisão também colocou pressão sobre o Congresso americano, que tem enfrentado dificuldades em aprovar orçamentos e medidas fiscais fundamentais, muitas vezes travado por disputas partidárias intensas.

A Moody’s afirmou que acompanhará de perto o comportamento do mercado e o desempenho fiscal dos EUA nos próximos trimestres. Novos rebaixamentos podem ocorrer caso a situação piore.

Analistas avaliam que o movimento da Moody’s pode levar os bancos a revisar seus planos de expansão, fusões ou aquisições, além de reforçar medidas de contenção de risco.

A confiança dos investidores institucionais e internacionais pode ser impactada, uma vez que os ratings de crédito são usados como base para decisões estratégicas de alocação de ativos.

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Mesmo com fundamentos sólidos, os bancos agora operam em um ambiente de maior escrutínio. O rebaixamento reforça a necessidade de ajustes internos para mitigar os riscos e preservar margens de segurança.

A agência destacou ainda que a interdependência entre grandes instituições financeiras e o governo federal cria um elo delicado que pode ser abalado por crises fiscais.

Os riscos de contágio também foram mencionados, especialmente se bancos menores ou expostos a setores vulneráveis enfrentarem dificuldades adicionais.

A Moody’s concluiu o relatório ressaltando que a resiliência do sistema bancário será testada em 2025, especialmente se houver desaceleração global ou novas disfunções políticas nos EUA.

Para os investidores, a principal recomendação é a cautela. Embora não haja pânico no curto prazo, o alerta da Moody’s é um sinal claro de que o cenário macroeconômico exige atenção redobrada.

O rebaixamento não implica falência ou quebra iminente dos bancos, mas indica que as margens de segurança estão diminuindo. E isso tem implicações importantes para o mercado financeiro como um todo.

O impacto também pode ser sentido em outros países, já que o sistema bancário americano está interligado com instituições financeiras globais, fundos soberanos e investidores internacionais.

A decisão da Moody’s reforça o papel crítico que a saúde fiscal dos governos tem sobre o sistema financeiro, mesmo em países com histórico de estabilidade como os Estados Unidos.

Assim, enquanto os bancos tentam preservar sua credibilidade e rentabilidade, o governo americano é pressionado a adotar medidas fiscais mais responsáveis para evitar novos rebaixamentos.

Por fim, a Moody’s sinalizou que, embora não haja ação imediata prevista para os próximos meses, qualquer deterioração fiscal ou falha na governança pode levar a rebaixamentos adicionais tanto para bancos quanto para o governo.

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